O Dia Marítimo Mundial celebrado este ano em 26 de Setembro foi o momento oportuno para o sector marítimo e portuário de Angola reflectir sobre o seu estado actual e futuro, principalmente no domínio da segurança e competitividade.

Com esse objectivo, a AMN e o Porto de Luanda convidaram outros stakeholders para um evento, intitulado “Navegando para o futuro: eficiência, segurança e inovação no transporte marítimo”, norteados pela preocupação na correcção, em menos de um ano, das inconformidades detectadas há 12 anos pela OMI – Organização Marítima Internacional.

No primeiro momento, Carlos Pegado, Director Nacional de Operações da Sogester, informou que esta empresa investiu ao longo dos últimos 17 anos, na sua concessão no Porto de Luanda, o Terminal de Contentores, mais de USD 300 milhões.

Dissertando sobre o tema “Optimização das operações portuárias para aumentar a eficiência e a competitividade”, Carlos Pegado especificou que aquele valor financeiro foi aplicado nas mais diversas áreas com o objectivo de garantir a segurança do negócio e a sustentabilidade e competitividade da empresa.

“Para nós, a segurança das pessoas, mercadorias, instalações e infra-estruturas, assim como dos actos e procedimentos, é a principal prioridade, disse a propósito o director, tendo reforçado que os investimentos da Sogester no Terminal de Contentores durante os 17 anos seguiram esta premissa.

No segundo momento, que compreendeu uma mesa-redonda, Octávio Pacheco, chefe do Sector de Protecção e Segurança das Instalações Portuárias, informou que as obras de construção e instalação da torre de controlo de navios (VTS), que irá controlar o movimento e as manobras destes em todo o perímetro molhado integrado na zona jurisdicional do Porto de Luanda, estão na recta final.

O sistema de vigilância do Porto de Luanda, continuou Octávio Pacheco, inclui a integração do seu sistema de circuito fechado de televisão (CCTV) com os terminais, as catracas, que já estão a funcionar, e a instalação de scanners para a inspecção de mercadorias nos terminais.

Bastante concorrida, à networking acorreram, entre outros, os principais stakeholders e serviu de mote para o sector marítimo e portuário destacar a importância do transporte marítimo para a economia angolana e para o ambiente e reflectir sobre os níveis de segurança marítima e portuária assinalados pela OMI na última auditoria.

No final, os participantes consideraram que a iniciativa foi frutuosa. Segundo a PCA da Agência Marítima Nacional (AMN), Anisabel Costa, o evento correspondeu às suas expectativas na medida em que as exposições e debates permitiram aprofundar o conhecimento sobre a situação actual no que diz respeito à segurança e até certo ponto antever o futuro próximo, com base nos esforços que a concedente e as concessionárias estão a desenvolver para melhorar o quadro.

Depois de lembrar que em 2025 o sector marítimo portuário nacional vai ser auditado pela Organização Marítima Internacional (OMI), Anisabel Costa disse que, em virtude dos resultados que produziu e dada a proeminência do Porto de Luanda na indústria portuária nacional, a AMN vai incluir esta networkingno quadro das actividades que Angola deve realizar antes de ser auditada.

Esta é a segunda vez que Angola será auditada pela OMI, desde 2012, altura em que aquela organização detectou 37 não conformidades no domínio da segurança marítima e portuária.

De acordo com Miguel António, Director Nacional da Segurança Marítima, Navegação e Pessoal da AMN, em 2025 os auditores internacionais virão com a missão de averiguar se, 12 anos depois, Angola avançou, recuou ou se permanece estagnada no mesmo patamar.

Segundo o responsável da AMN, uma avaliação negativa no exame da OMI significa que as águas marítimas e os portos angolanos padecem de sérios riscos e não oferecem segurança à navegação e estadia de navios, o que com certeza custaria muito caro ao sector portuário e, por extensão, à economia nacional, já que agravaria os preços de frete.

Ao contrário, “se Angola, uma economia eminentemente importadora, for considerada um país seguro, com certeza teremos mais linhas a navegarem nas nossas águas e os bens que transportam chegarão ao consumidor final a preços mais baixos”, concluiu Miguel António